O empreendedorismo feminino colabora para a construção de uma sociedade mais justa, gerando oportunidades de liderança para as mulheres.
Embora elas representem 52% da população brasileira, só ocupam posições de destaque em 13% das 500 maiores empresas no país.
Assumir o próprio negócio é uma forma de empoderamento e ascensão para cargos de liderança, com o potencial de mudar a realidade das empreendedoras.
Outro ponto que mostra a relevância do empreendedorismo feminino aparece em um levantamento do Sebrae, que revela que as brasileiras empreendem, principalmente, devido à necessidade de ter outra fonte de renda ou para adquirir a independência financeira.
Ou seja, os ganhos com o próprio negócio ajudam as mulheres a sustentar suas famílias, diminuindo ou acabando com sua dependência financeira quanto aos companheiros, por exemplo.
Por que é fundamental estimular o empreendedorismo feminino?
Estimular o empreendedorismo feminino é necessário porque a presença das mulheres em cargos de liderança resulta em melhorias na sociedade, economia e nas empresas.
A seguir, detalhamos os impactos em cada um desses segmentos.
Para a sociedade
Como dissemos no tópico anterior, o empreendedorismo feminino desempenha um papel importante para reduzir as diferenças entre as oportunidades de ascensão na carreira para homens e mulheres.
Mas não é só isso.
O movimento ainda favorece a diversidade de negócios no mundo, destacando perspectivas inovadoras identificadas pelas empreendedoras.
Um exemplo é a empresa Lady Driver, que funciona por meio de um aplicativo de transporte com um time de motoristas composto apenas por mulheres.
A empresa foi pensada por Gabryella Correa depois que ela vivenciou uma experiência ruim junto a um motorista de aplicativo.
Durante a viagem, Gabryella foi assediada e temeu denunciar o profissional, já que ele sabia onde ela morava.
A empresária, então, decidiu transformar o episódio em um impulso para forjar um serviço especialmente desenvolvido para mulheres.
Percebendo que conhecidas passavam pelo mesmo problema, ela fundou o Lady Driver, que reuniu mais de 50 mil motoristas até 2019, sem registrar casos de assédio.
Para a economia
Além de oxigenar as ideias de negócio, a inclusão de novas empreendedoras teria um impacto significativo no Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
De acordo com um estudo divulgado no final de 2019 pelo Boston Consulting Group, diminuir a diferença de gênero em altos cargos executivos poderia elevar o PIB entre US$ 2,5 trilhões e US$ 5 trilhões.
Shalini Unnikrishnan e Cherie Blair, autoras do estudo, explicaram que os benefícios de apoiar a liderança feminina não se restringem ao incremento na receita global, explicando, em reportagem da Forbes, que:
“Diminuir a lacuna de gênero no empreendedorismo e alimentar o crescimento de empresas pertencentes a mulheres lançará novas ideias, serviços e produtos em nossos mercados. E, no final, essas forças podem redefinir o futuro“.
Para as empresas
Mulheres com comportamento empreendedor são parte importante para a estratégia das empresas.
Apostar na liderança feminina auxilia no aproveitamento dos talentos de toda organização, além de estabelecer uma proximidade com a clientela de grande parte das companhias, pois as mulheres são maioria no Brasil.
No cenário mundial, uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho evidencia que empresas preocupadas com o impacto da diversidade de gênero na liderança contam com funcionários mais engajados e crescimento de 5% a 20% nos lucros.
Principais dados do empreendedorismo no Brasil
Em 2019, estudo realizado pela consultoria McKinsey, em parceria com o evento Brazil at Silicon Valley, classificou o Brasil como um país de empreendedores ao constatar que 39% da população economicamente ativa (PEA) tem sua própria empresa.
Um ano antes, a pesquisa “Empreendedorismo no Brasil – Relatório executivo 2018” já mostrava uma taxa de empreendedorismo de 38%, considerando a população entre 18 e 64 anos.
Ou seja, quase 52 milhões de pessoas estão à frente do próprio negócio no Brasil, conforme os dados, levantados a partir do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) com apoio do Instituto Brasileiro de Qualificação Profissional (IBQP), Sebrae e Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo um relatório produzido pela MindMiners, 59% dos empreendedores brasileiros são homens, e 41% são mulheres.
Quanto à faixa etária, eles se dividem assim:
- 32% entre 18 e 24 anos
- 30% de 25 a 30 anos
- 27% têm entre 31 e 40 anos
- 11% têm 41 anos ou mais.
A maior parte (42%) dos negócios atua no online e offline, enquanto outros 38% só têm presença física e 20%, somente online.
A principal motivação citada para abrir a própria empresa foi ter mais liberdade e/ou autonomia (57%), seguida pela percepção de uma oportunidade (53%).
Uma parcela expressiva (35%) também empreende para deixar de ser empregado, por frustração com o mercado de trabalho tradicional (19%) e por necessidade (18%).
Dados do empreendedorismo feminino
Análises do Sebrae revelam que o país conta com 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa, sendo que 45% delas são chefes de família, ou seja, têm a principal renda em seus lares.
Em comparação com os homens que empreendem, elas possuem escolaridade 16% superior, porém, seus negócios faturam 22% menos.
Para se ter uma ideia, em 2018, os empreendedores brasileiros registraram rendimento mensal médio de R$ 2.344, ao passo que as empreendedoras faturaram, em média, R$ 1.831 por mês.
As mulheres representam 48% dos microempreendedores individuais (MEI) no país, se destacando em setores como beleza, moda e alimentação.
Principais dados do empreendedorismo no mundo
Considerando o cenário mundial, o empreendedorismo feminino tem avançado principalmente nos Estados Unidos, Nova Zelândia e Canadá, de acordo com o terceiro Mastercard Index of Women Entrepreneurs, divulgado em novembro de 2019.
Num ranking formado por 58 mercados, que respondem por quase 80% da mão-de-obra feminina do planeta, o Brasil ficou na 32ª posição.
Já o levantamento “Women in The Boardroom — Uma Perspectiva Global”, da consultoria Deloitte, evidenciou o crescimento mundial do empreendedorismo feminino nos últimos anos.
O percentual de aberturas de empresas por mulheres passou de 18%, em 2016, para 25% em 2019.